44ª SESSÃO SOLENE DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DE IX LEGISLATURA.

 


Em 16 de outubro de 1986.

Presidida pelo Sr. Issac Ainhorn – 1º Secretário.

Secretariada pelo Sr. Nei Lima – Secretário “ad hoc”.

Às 14h35min., o Sr. Issac Ainhorn assume a Presidência.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Humberto Luiz Ruga.

Convido a fazerem parte da Mesa as seguintes personalidades: Dr. Humberto Luiz Ruga, homenageado; Sra. Maria de Lourdes Ruga, esposa do homenageado; Sr. Rubens Carvalho, representando a Companhia Jornalística JC Jarros; Dr. Alfredo Santos, representando o Secretário de Educação do Estado; Dr. Plácio Steffens.

Serão oradores da Sessão os seguintes Vereadores: Nei Lima, como autor da proposição e pelas Bancadas do PDT, PDS e PSB; Raul Casa, pela Bancada do PFL.

A seguir, está com a palavra o Ver. Nei Lima.

 

O SR. NEI LIMA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais presentes, é motivo de alegria homenagearmos o Humberto. A maior dificuldade que tivemos foi trazer o Humberto a esta solenidade. Inclusive, nesta Casa, ele já esteve por várias vezes, e muitas vezes, assiste a alguma solenidade e, depois, desaparece no final, pois não é um homem afeito a homenagens.

Esta homenagem que a Câmara Municipal presta por totalidade absoluta de seus Vereadores não teve sequer um voto contra, porque todos conhecem Humberto Ruga. Humberto Ruga é daqueles empresários que nos seus negócios é intransigente, e eu o conheço há muito tempo. Às vezes, vou na Unidos, onde ele atualmente exerce suas funções. Ele não aceita sair de seus próprios princípios. Posso aqui citar um problema ocasionado recentemente pelo Governo Federal – nós, aqui, não vamos fazer uma pregação política – quando fez com que os veículos em todos o País sumissem e, por incrível que pareça um carro usado tivesse um valor muito maior do que um carro novo. Chegando lá na Unidos, pedi ao Humberto que, por motivo de campanha, me auxiliasse. Ele, então, disse que não podia me auxiliar, dizendo, ainda mais, que eu teria que enfrentar a fila. Eu fui o número quatrocentos e tantos, pois já tinham entregue duzentos e tantos automóveis. A minha sorte é que eu entrei num plano que tinha pouca saída e consegui, três meses antes da eleição, levar um veículo da Unidos. Então, Humberto é daqueles empresários que, no seu trabalho, procura não errar, até para não ter que sofrer sanções. E, hoje em dia, existem muitas: qualquer coisa é passível de sanção. A cidade deve muito ao Humberto Ruga, porque ele é um empresário exemplar, consciente de suas obrigações. E nós não tínhamos forma melhor de agradecer, senão encaminharmos o presente título.

Mas o Humberto não é só empresário. Não falei em outras atividades da Unidos porque a Unidos é agropecuária, é tudo que a gente possa imaginar. Mas há o esportista Humberto Ruga.

Nós, aqui, hoje, estamos vendo várias pessoas, e eu vou deixar de citá-las, até para não cometer o pecado de esquecer algum amigo do Humberto. O desportista Humberto Ruga que nós conhecemos, inclusive, era jovem, ainda freqüentador da Cidreira, o Humberto com o seu DKW 1000 – eu acho, não é Humberto? – indo para a praia. O futebol de praia talvez ainda exista porque o Humberto é um dos pioneiros. Como Presidente do São José, como patrono que é do São José, um homem da Zona Sul sendo patrono na Zona Norte. São essas coisas que acontecem. Mas o Humberto, como esportista, também merece todo o nosso carinho, toda a nossa compreensão, porque foi um dos incentivadores, principalmente, do esporte amador no Estado, não só o profissional. Até porque, quando a coisa se profissionalizou demais, o Humberto até resolveu abandonar um pouco o esporte, porque estava fugindo daquela finalidade que é o esporte. É sadio irmos a um campo de futebol, torcendo por quem defende a nossa camiseta. Mas o mercenarismo chegou a um ponto tal que para os jogadores – e aqui é o desabafo do Nei Lima - os jogadores se negam a entrar num campo de futebol se não receberem uma determinada quantia. Estamos importando craques de fora do nosso Estado para os campos de futebol. Eu acredito que o Humberto tenha largado o esporte profissional numa dessas situações que constrangem um dirigente.

O nosso amigo Humberto já foi Presidente da Federação de basquete, diretor de basquete e vôlei do União. Eu quero dizer para vocês que fiz quatro páginas de exposição de motivos para a concessão deste título a Humberto Ruga, mas como não sou muito bom de leitura e quero olhar a platéia, quero olhar o homenageado, quero olhar a Presidência e às vezes me atrapalho, resolvi, hoje, fazer um discurso sobre o que conheço do Humberto. Talvez eu apenas fale uns dez por cento daquilo que o Humberto mereça e do que vocês que estão aqui conhecem dele.

Quero falar do homem Humberto Ruga, pai de família, homem exemplar, marido dedicado. É um exemplo que todos nós deveríamos seguir. Um homem correto em todas as suas atividades e em todas as suas atitudes. E é por tudo isso que a Câmara Municipal, em nome dos trinta e três Vereadores, resolveu conceder o título de Cidadão Emérito a Humberto Ruga. É amigo dos amigos e para Humberto amigo não tem defeitos e inimigo não tem qualidades.

Por essas e por tantas outras coisas que eu deixo de dizer aqui, é que a Cidade de Porto Alegre tem o prazer e a honra de conferir-lhe o título de Cidadão Emérito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Raul Casa em nome do PFL.

 

O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Convidados, dentre as distinções de que se pode jactar o homem público está aquela de poder homenagear aqueles que pelos seus méritos representam muito para a comunidade. É de praxe que nestas ocasiões, para que não se seja traído pela emoção, se procure trazer um discurso escrito. Mas, como já salientou o ilustre proponente desta homenagem, Ver. Nei Lima, deixarei, meu querido homenageado, meu distinto amigo Humberto Ruga, que meus pensamentos cavalguem desabridamente pela planície da emoção para dizer que esta cidade tem uma tradição: a tradição de reconhecer os méritos e de proclamar a todos os quadrantes os méritos de homem que, mercê de seu exemplo, de sua postura e de seu trabalho é o espelho para esta mesma comunidade. Há pessoas que nascem predestinadas. Alguns se distinguem na música, outros na ciência e aqueles outros em espargir o bem entre os seus. Conheci Humberto Ruga do tempo da Pracinha Florida, do tempo do nosso inesquecível Issac, de quem eu fui secretário, e meu irmão o acompanhou, durante toda a sua vida, até a sua morte. Conheço Humberto empresário, onde sempre procurei comprar os meus veículos, e nunca, sequer uma única vez, nas inúmeras em que troquei de veículo, ele me opôs qualquer óbice, ou me apresentou um documento antecipadamente. Esta prova de boa fé, esta manifestação que é própria dos espíritos bem formados, foi que levou esta casa a reconhecer, por unanimidade, os méritos do cidadão Humberto Ruga. Não sei se seus méritos são maiores como esportistas, como empresário, ou como cidadão. A verdade é que nós nos orgulhamos de homens como Humberto Ruga. E, por isso, a iniciativa do colega Nei Lima encontrou nesta Casa o apoio, porque a cidade está resgatando, a cidade está reconhecendo aquele homem que trouxe a todos nós o exemplo de dignidade, de bem servir ao bem comum e que, como já disse, é uma personalidade que podemos nos espelhar. Meu querido amigo Humberto Ruga, familiares presentes, não pretendo me estender, apenas dizer, para finalizar, que é com homens como este que hoje homenageamos, que nós, homens públicos, haveremos de erigir, porque somos os representantes da população, uma sociedade que tenha por alicerce a verdade, que seja erigida com a justiça e que seja praticada com o verdadeiro sentimento de fraternidade, de igualdade que todos nós queremos para os nossos filhos e para os nossos pósteros. Agradeço a oportunidade que me é proporcionada de poder dizer de viva voz, em nome do meu Partido, em nome muito especialmente porque quase criou um atrito entre mim e o Ver. Aranha Filho que queria também prestar sua homenagem. Espero, Ver. Aranha Filho, que tenha me desincumbido humildemente se não com o brilho que V. Exa. certamente teria, pelo menos com a vontade de querer traduzir o sentimento de carinho, de solidariedade e de fraternidade que Humberto Ruga esparge em nossa comunidade. Receba, meu querido Humberto, sua esposa, e pais, a nossa homenagem, certo de que tu o mereces porque são homens como tu que fazem nós nos orgulharmos da nossa comunidade porque representam os melhores sentimentos do povo rio-grandense. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Mesa, quebrando todos os protocolos inerentes à presente Sessão, convida uma pessoa que não faz parte da Casa e nem é o homenageado, que, em nome dos amigos de Humberto Ruga, solicitou falar. Convidamos o Dr. Marcos Spiguel para fazer uso da palavra.

 

O SR. MARCOS SPIGUEL: Meu querido amigo Ver. Isaac Ainhorn, no exercício da Presidência dos trabalhos; Ver. Nei Lima; meu querido Ver. Raul Casa. Sou um homem que sempre fugiu aos protocolos, por isso me apresento numa Sessão Solene sem o protocolo. Um homem que nunca teve protocolo e que, hoje, está recebendo o título de Cidadão Emérito, dado por esta Casa, é o meu querido amigo Humberto Luiz Ruga. Por ser homem que fujo do protocolo, quero iniciar minha saudação ao Humberto Ruga e à sua Senhora, Dnª Maria de Lourdes Ruga, dizendo que tudo o que os Vereadores aqui disseram nós já sabíamos, já era do nosso conhecimento. Mas o mais importante eu não ouvi nesta Casa e tenho a honra de dizer; o mais importante é onde o Humberto Ruga foi buscar os fundamentos para ser o empresário que é, o esportista que é, o chefe de família que é, o pai que é. Foi na sua família, nos seus queridos pais, a quem solicito que se levantem para receber uma salva de palmas deste Plenário, porque foram eles que deram ao Humberto Ruga essa formação que tão bem foi decantada pelos Vereadores que aqui se pronunciaram. (Os pais do Sr. Humberto Ruga se levantam e são aplaudidos pelos presentes.)

Humberto Ruga, talvez eu não seja o melhor dos teus amigos. Não posso ter essa vaidade, porque aqui no Plenário vejo pessoas que, talvez, sejam mais amigos do que eu, mas reivindico ser o mais leal dos teus amigos. Fugindo ao protocolo desta Casa, pretendo dar ao Humberto Ruga o título de amigo emérito dos seus amigos! (Palmas.) Agradeço aos homens públicos de Porto Alegre que sempre me fizeram e me fazem crer que o político ainda é a salvação deste País, apesar de tudo o que vemos por aí, porque sempre e cada vez mais vejo que a classe política sabe reconhecer num homem a hombridade, a dignidade de um ser como Humberto Ruga. Por isso, é proposto numa Casa como esta o título de Cidadão Emérito a Humberto Ruga, que só políticos dignos, só políticos honestos poderiam conceder a um homem do seu quilate um título tão merecedor.

Para encerrar, quero dizer, Humberto Ruga, que teus amigos estão satisfeitos, estão felizes, porque a Cidade de Porto Alegre conta com um cidadão do teu quilate. Que sejas feliz, Humberto Ruga. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido a Srta. Arminda Oliveira a fazer a entrega de um ramalhete de flores à esposa do homenageado, Dona Maria de Lurdes. (Faz a entrega.)

Convido ao Ver. Nei Lima para que faça a entrega do título de Cidadão Emérito ao Dr. Humberto Ruga, solicitando a todos as presentes que permaneçam de pé.

 

(O Ver. Nei Lima faz a entrega do título ao homenageado.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho a honra de passar a palavra ao nosso homenageado desta tarde, Dr. Humberto Ruga.

 

O SR. HUMBERTO RUGA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais presentes, realmente, para mim é motivo de alegria e satisfação receber este título da Cidade de Porto Alegre. Porém não posso ser egoísta. Este título não pertence só a mim, pertence a uma série de pessoas e entidades com as quais colaborei, e elas me emprestaram seu prestígio. Este título pertence à minha esposa e a meus filhos, a meus pais, meus irmãos, aos meus amigos e a todas aquelas entidades que eu vou enumerar, e que me emprestaram o seu nome, onde eu comecei. O Florida Atlético Clube, do saudoso José Zacchia, onde fui atleta e dirigente; o Grêmio Náutico União, do qual fui dirigente na gestão de Gavióli Sobrinho – e também aprendiz de remador e voleibol; a Sociedade Ginástica Porto Alegre – SOGIPA – da qual fui atleta e dirigente; a SABA, da qual sou conselheiro e participante do saudoso – digo saudoso porque breve nos reencontraremos – futebol de praia; a Sociedade Amigos da Praia de Cidreira, da qual fui dirigente; o Clube do Comércio de Porto Alegre, do qual fui diretor esportivo e, hoje, convivo com uma das mais alegres e saudáveis turmas de pelada – e hoje à noite deverei estar presente, porque é um convívio que tenho há mais de vinte e cinco anos. Também quero, neste momento, dar uma parcela deste título à Federação Gaúcha de Voleibol, da qual fui diretor; à Federação Gaúcha de Basquete, da qual fui presidente e vice; à Federação Gaúcha de Futebol de Salão, da qual fui o primeiro juiz no Tribunal de Justiça Desportiva; à Federação Gaúcha de Futebol, da qual eu fui diretor de árbitros; à Federação Gaúcha de Esportes de Praia, da qual fui seu primeiro presidente e fundador, juntamente com meu amigo Jair da Cunha Filho; à Confederação Brasileira de Esportes de Praia, da qual fui fundador e seu primeiro vice-presidente; ao Conselho Regional de Esportes, do qual sou membro, como seu vice-presidente - e tenho a grata satisfação de a ele  pertencer. Ao Esporte Clube São José, o Clube do meu coração, aqui representado, hoje, pelo seu presidente, o qual fez com que Humberto Ruga fosse conhecido no esporte – e através do Rio Grande do Sul – como o “Ruga do São José”. Ao São José, também, eu quero creditar uma parcela muito grande desta homenagem. Além disso, eu não posso deixar de creditar, também, esta homenagem às associações de classe das quais fiz e faço parte como a Açobrás, da qual fui dirigente e sou membro da Comissão de Ética; a Abrás, da qual fui fundador no Rio Grande do Sul e ex-diretor regional; a Associação Comercial de Porto Alegre, da qual faço parte do Conselho Deliberativo; o Instituto Riograndense do qual sou seu vice-presidente.

Como disse anteriormente, de todos estes títulos eu deixo uma parcela a essas entidades que me permitiram trabalhar por elas. Com seu prestígio, eu consegui receber este título. Também tenho que agradecer de maneira especial à Imprensa gaúcha escrita e falada, aqui representada pelo Jornal do Comércio, pela Companhia Jornalística Caldas Júnior e RBS, que sempre me deram a cobertura necessária para que eu pudesse expor as minhas idéias. Neste momento em que recebo esta homenagem, eu quero fazer um apelo aos Srs. Vereadores no sentido de quem tem uma formação esportiva, onde eu granjeei a quase totalidade dos meus amigos, para que dotem a cidade de Porto Alegre e, de maneira especial a Zona Norte, de um parque semelhante ao Parque Marinha do Brasil, que dote a Zona Sul, no seu extremo, de um outro parque, porque é através do esporte – e esta é uma tese que eu defendo – é que a gente procura, faz e conhece os seus amigos.

O Brasil nunca foi uma potência esportiva, por isso nunca será uma potência econômica. Quando houve aquela famosa década do “Milagre Brasileiro”, pode não se ter realizado o “Milagre Brasileiro”, mas o mundo viu o Brasil conquistar o seu tricampeonato de futebol, viu o Brasil conquistar o campeonato mundial de basquete, e eu entendo que foi o esporte que me propiciou e me propicia todos esses amigos que eu tenho presentes.

A Câmara de Vereadores, junto com o Executivo Municipal criando esses dois parques, fará com que a nossa cidade diminua os seus assaltantes, os seus viciados, pois a insegurança existente, hoje, na nossa cidade é conseqüência da falta direta dos campos esportivos, dos campos onde se praticavam peladas. Não vejo ninguém fazer nada pela ausência desses campos. Para mim o esporte é uma paixão. Faz parte de mim. Por isso, a todos os desportistas, a todos os meus amigos e aos Senhores Vereadores desta cidade, em meu nome particular, que tenho certeza que farão algo em benefício do esporte, o meu muito obrigado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ao ensejo do encerramento desta Sessão Solene, cumpre à Mesa da Câmara de Vereadores de Porto Alegre registrar com enorme satisfação a mesma, hoje, aqui realizada e que conferiu o título de Cidadão Emérito ao Dr. Humberto Ruga cujos serviços, cujos préstimos à nossa cidade foram largamente comentados. Tenha certeza, Dr. Ruga, que a sua preocupação é também dos Vereadores desta Casa. Tenho certeza que os legisladores desta cidade farão o maior empenho para atender as sugestões que o Senhor acaba de fazer da tribuna desta Casa. Assim, mais uma vez, observa-se que a Câmara de Vereadores andou bem em conceder este título a Humberto Ruga uma vez que, novamente, se preocupou com as coisas da nossa cidade, com suas pessoas, com seus amigos e com seus problemas. Muito obrigado.

Nada mais havendo a tratar, agradecemos a presença dos Srs. convidados e convocamos os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h15min.)

 

Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 16 de outubro de 1986.

 

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